top of page

14º Domingo do Tempo Comum, Ano C

A Liturgia da Palavra deste 14º Domingo Comum – C, quer hoje ensinar-nos que os Discípulos são Mensageiros da Salvação.

Cristo chama para enviar. Ser discípulo de Jesus não é um privilégio para si, mas um serviço para o Reino de Deus. Jesus envia os Seus discípulos para «anunciar» que o Reino de Deus está próximo.


A missão dos discípulos é um anúncio de Esperança, e a sua glória é a cruz. O homem aspira pela paz, mas faz a guerra, porque se esquece que a paz é um dom que se deve ganhar e, sobretudo, se deve merecer. Não pode haver paz entre os homens se não houver paz com Deus.


O homem quer a justiça e a igualdade e, muitas vezes, pratica a injustiça e oprime os inocentes e indefesos.


A 1ª Leitura, do Profeta Isaías, revela-nos que a Escritura, para nos dar uma ideia do amor que Deus tem pelo Seu Povo, utiliza as mais diferentes imagens : amor de mãe pelo filho; do marido por sua esposa; da noiva pelo seu noivo.


- “Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos hei-de confortar; em Jerusalém sereis consolados”. (1ª Leitura).

Como resposta a este amor, o homem deverá depor nas mãos de Deus as suas inquietações e angústias perante o futuro, já que o anúncio duma presença salvadora se faz ouvir, e dar graças a Deus a quem tudo pertence, como proclama o Salmo Responsorial :


- “A terra inteira aclame o Senhor !”

Na 2ª Leitura, S. Paulo, dotado duma personalidade invulgar, diz aos Gálatas, e repete-o hoje para todos nós, que a salvação não está na letra da Lei antiga, mas na Cruz de Cristo.

- “Longe de mim encher-me de glória, a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”. (2ª Leitura).

O homem de hoje, se não estiver suficientemente atento, corre a tentação de sacrificar a verdade do Evangelho aos valores puramente materiais do mundo, esquecendo que, desde o Baptismo, todo o homem é Mensageiro de Salvação.


O Evangelho é de S. Lucas que nos diz que o Senhor envia os discípulos a pregar o Evangelho. O sucesso alcançado entusiasma-os. Esquecem, ou talvez ainda não saibam que só Deus move os corações.


- “Quando entrardes nalguma cidade e aí vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes : «Está perto de vós o Reino de Deus”. (Evangelho).

A Igreja, outra finalidade não tem senão realizar no mundo a proclamação da Boa Nova e a santificação dos homens. Todo o cristão – membro da Igreja – é enviado como testemunha do Evangelho no seu meio profissional, familiar e social. A salvação é anunciada e realizada num mundo dominado pela lógica do pecado.


Por isto, ela tem o momento nagativo para a libertação de todas as forças demoníacas que alienam o homem de si mesmo e de Deus. Esta salvação, porém, não se fará abruptamente.

O mal não será vencido imediatamente. Não será combatido com armas poderosas, através da força, como pensavam os Judeus.


O mensageiro da salvação encontra-se no meio de forças demoníacas, ”é como um cordeiro no meio de lobos”; não há missão sem perseguição, sem sofrimento e sem cruz. A cruz é a “glória” do missionário e de todo o cristão, porque o põe numa existência nova. A cruz “pelo Reino de Deus”, aceite com amor, é o “sinal” da vitória sobre o mal e sobre a morte.


Para o cristão, a certeza da sua ressurreição consiste em estar ele crucificado pela provação e pela contestação. A provação, para S. Paulo, não é só uma ascese, uma ocasião de vida moral, nem uma simples imitação da cruz de Jesus, mas um lugar de esperança e da profecia do reino que vem, e que os mensageiros do Evangelho proclamam com a palavra e com a vida, para confirmar que o mundo novo já começou e é possível.


À lógica do mundo velho eles opõem a lógica de Deus. Num mundo de lobos, dominado pela agressividade, a sua presença é uma condenação radical da violência. Num mundo em que o que define o homem “é o dinheiro que tem e as vestes que usa”, vão os discípulos de Cristo vestidos pobremente, sem bolsas e bagagens, contentes com a hospitalidade que recebem.


A proximidade do Reino dispensa-os de se preocuparem com o próprio futuro terrestre; a sua pobreza tem um sentido profético, assim como a cura dos doentes. O sinal de que o Reino de Deus está presente é o facto de que o homem é libertado do pecado e das suas consequências.


Esta libertação, porém, é lenta e requer sofrimento, paciência e a própria morte. Não é uma libertação triunfal, como imaginavam os Judeus do tempo de Cristo. Nunca devemos esquecer, porém, a acção do Espírito Santo, que é ele que, por meio da Igreja vai dando cumprimento ao plano da História da Salvação.



Diz o Catecismo da Igreja Católica :


898. - «A vocação dos leigos consiste em procurar o Reino de Deus precisamente através das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus(...) Pertence-lhes, de modo particular, iluminar e orientar todas as realidades temporais a que estão estreitamente ligados, de tal modo que elas sejam realizadas e prosperem constantemente segundo Cristo, para glória do Criador e Redentor». (LG 31).


899. – A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária, quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar, com as exigências da doutrina e da vida cristã, as realidades sociais, políticas e económicas. Tal iniciativa é uma constante normal da vida da Igreja.


905. – Os leigos realizam a sua missão profética também pela evangelização, «isto é, pelo anúncio de Cristo, concretizado no testemunho da vida e na palavra». Para os leigos, «esta acção evangelizadora(...) adquire um carácter específico e uma particular eficácia, por se realizar nas condições ordinárias da vida secular». (LG 35).


John Nascimento

Este texto apresenta grafia de Portugal.

88 visualizações0 comentário
bottom of page