Tema 1.2 - Desafios para o Ministério do Catequista
“Adormeci e sonhei que a vida era alegria; despertei e vi que a vida era serviço; servi e vi que o serviço era alegria” (R. Tagore). Um dos maiores problemas enfrentados pela catequese hoje é a formação permanente.
Muitos não participam ativamente, inserindo-se na comunidade e em comunhão com a Igreja que conferiu o mandato de catequista. A conseqüência da falta de compromisso com a formação continuada será a educação de cristãos desvinculados da vida e da comunidade, para uma prática descompromissada e individualista.
Além da problemática da formação, encontramos diversas realidades que a catequese se depara:
Crianças e jovens que encontraram na família um ambiente propício para a iniciação cristã e outras não. Catequizandos que foram iniciados aos sacramentos, mas não foram devidamente iniciados à vida comunitária. Diversidade quanto à realidade vivida pelos catequizandos. Famílias em situações irregulares diante das leis da Igreja. Pessoas cada vez mais sedentas de Deus e de um caminho de fé. Pluralidade de religiões e seitas numa sociedade cada vez mais global e excludente. Grande rotatividade de catequistas. Faltam catequistas preparados para o ministério na Igreja. Falta de um maior conhecimento bíblico e teológico.
É muito comum ouvir nas ruas que as pessoas não querem compromisso. Mas isto vira filme de terror, quando ouvimos da boca de um catequista: “se for pra exigir algo mais sério eu desisto de ser catequista!”. Se for um trabalho que exige tempo, disponibilidade e perseverança as pessoas e até os catequistas tentam dar um jeitinho para saírem de fininho. Não querem, não gostam, não se sentem autenticamente motivados.
Numa conversa bastante franca pode-se dizer que não é só a catequese que empenha sacrifício, capacidade para aprender e uma boa dose de motivação. Tudo na vida requer isso, inclusive o trabalho e o casamento. Será que as pessoas estão realmente conscientes disso? Muitos fazem suas opções sem terem consciência das conseqüências de suas escolhas.
A maioria das pessoas hoje quer optar por uma vida fácil, descomprometida e sem muita dor de cabeça. Será que a nossa fé cristã admite sustentar uma visão dessas? Ser cristão, não só de nome, implica em assumir pra valer o mesmo caminho de Jesus, um caminho que dá sentido à vida, que traz felicidade, mas que tem as suas renúncias, que requer doação, discernimento e coragem. Só quem ama verdadeiramente, está disposto a correr todos os riscos para oferecer maior qualidade de vida para os outros. Isto fez Jesus: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Quem não segue este mesmo caminho, trai a sua fé e engana a si próprio num caminho de aparências e desventuras.
Em meio aos desafios, as Diretrizes Gerais para a Catequese já apontam para a catequese como uma ação prioritária na Igreja: “a formação catequética é prioridade absoluta, e qualquer atividade pastoral que não conte para a sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas, coloca em risco a sua qualidade” (DGC 234).
O ministério do catequista não pode ser de modo algum uma atividade improvisada, espontânea e momentânea. Para responder aos desafios faz-se necessário elencar alguns critérios importantes para ser catequista na Igreja:
Ser jovem (acima de 15 anos) ou adulto, que tenha recebido os sacramentos de iniciação cristã. Alguém que tenha passado por uma formação inicial para ser catequista. Uma pessoa bem integrada consigo mesma, equilibrada em sua afetividade e sexualidade. Seja uma pessoa aberta e disponível para viver a comunhão com os demais membros da comunidade que atuam em pastorais, movimentos e ministérios na Igreja. Tenha discernimento e boa conduta, habilidade para corrigir e humildade para servir. Saiba exercitar a paciência, por meio do respeito e da tolerância ao diferente. Seja uma pessoa alegre, com coração de discípulo para aprender e um místico para experimentar a presença de Deus pela oração. Seja membro ativo de sua comunidade, que participa e celebra a sua fé, testemunha a caridade e a esperança. Seja um pessoa de fácil convivência, de bom relacionamento e bonita amizade com os demais catequistas. Saiba acolher os catequizandos e conviver com a diferença, sem perder sua identidade de pessoa, cristão e ministro da Igreja. Esteja aberto e atento à formação permanente, para crescer cada dia a mais no discipulado missionário de Jesus. Tenha grande estima pela catequese, deixando transparecer sua paixão pela catequese no anúncio-testemunho da Palavra de Deus.
Fonte: Diocese de Pouso Alegre/MG.
Estudo de formação - O Ministério do Catequista - CNBB95