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O desafio de ser Igreja

Há uma missão implícita em nosso sim que deve ser diário...

Depois da morte de Jesus, o grupo que ele havia chamado e formado ficou sem rumos. A partir da ressurreição, os acontecimentos mudam. O chamado divino para o seguimento formará discípulos, mas não fundará comunidades. Só depois da vinda do Espírito Santo que a assembléia - ekklesia - reunida toma consciência e recebe a missão de anunciar a boa notícia do Reino de Deus (Mc 1,15 e Lc 4,18-19).


Para João, a vinda do Espírito acontece na tarde do mesmo dia da ressurreição (Jô 20,22). Lucas, escrevendo mais de 40 anos depois, descreve o fato como tendo acontecido durante a festa judaica das Semanas, 50 dias após a Páscoa (At 2,1-11). Páscoa e Pentecostes eram festas agrícolas e recordavam, uma, a libertação do Egito, e a outra, a Lei dada a Moisés no Sinai. Tornaram-se festas religiosas.


Com Pentecostes podemos afirmar que nasce a comunidade cristã. Alguns anos mais tarde, os seguidores de Jesus, o Cristo, foram chamados de cristãos. Eles continuaram a evangelização através do testemunho e do anúncio querigmático da vida, morte e ressurreição de Jesus. Nascia a Igreja, fundada na prédica e na prática de Jesus.


Os anos se passaram. Passaram-se séculos e milênios. A Igreja se firmou, se estruturou e hierarquizou-se. Viveu momentos de profetismo ao lado de momentos de estagnação. Viveu situações de testemunho e de martírio, alternando-as com legitimações e conivências com estruturas pecaminosas de poder e de sistemas injustos. Soube se expandir e o Ocidente tornou-se cristão, pelo menos, como adjetivo.


Somente no final do século XX, durante a realização do Concilio Vaticano II, é que a Igreja se declara toda ela missionária e toda ela povo de Deus. A imagem piramidal devia ceder lugar à realidade de comunhão e participação.


Esta mesma Igreja, que no Símbolo professamos "una, san-ta, católica e apostólica", está inserida no mundo em suas duas dimensões: divina e humana. O Concílio passou e muitos sonhos não foram realizados. Aguarda-mos um novo alvorecer...


Estamos iniciando um novo tempo cronológico e, com isso, as esperanças renascem. A Igreja precisa, a cada dia, retomar sua missão de anunciar a ressurreição diante da morte, de testemunhar o amor solidário aos pobres, de converter-se, sempre mais, à "escola de vida" apresentada pelo Divino Mestre: "o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse" (Jo 14,26).


Internamente, a Igreja precisa de ventos impetuosos trazendo ares novos das comunidades, sobretudo daquelas à margem da globalização. É preciso alegria, esperança e coragem, mesmo quando a noite é fria e faz escuro. É preciso força e testemunho, mesmo quando a mídia, em atitude de revanchismo, alardeia com insistência que o rebanho está diminuindo e expõe as feridas de alguns pastores. Não se pode ficar surdo diante do clamor dos pequenos e indefesos. A promessa de Jesus não deve ser esquecida. É preciso caminhar, e de olhos abertos.... E, quem sabe, a exemplo dos discípulos de Emaús que reconhecem Jesus ao partir o pão, voltar correndo para encontrar a co-munidade...


"não é que o nosso coração ardia.." (Lc 24,32).


Missão da Igreja. Voltar às fontes, ao primeiro ardor... nascer de novo - eclesiogênese - ou, no mínimo, ficar com o velho adágio latino: ecclesia semper reformanda. Eis o desafio!



Fiquem com Deus,


Catequista Bruno Velasco

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