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Domingo de Pentecostes

Atualizado: 9 de jun. de 2019

A Liturgia da Palavra do Domingo de Pentecostes, é comum aos três Ciclos A, B e C, e nos diz que a Igreja Vive no Espírito de Cristo.

Cinquenta dias após a Ressurreição de Jesus, quando estava a chegar a seu termo o Pentecostes, festa com que o Povo de Deus celebrava o dom da Lei (cf.Lev.23,15-21), e da Aliança (cf.Deut.16,9-12), o Espírito Santo irrompe sobre os Apóstolos, transformando-os, radicalmente. E toda a comunidade cristã (e não apenas o núcleo essencial da Igreja, formado pelos Apóstolos e a Mãe de Jesus) fica investida do poder do Espírito, enviado pelo Pai, para garantir a continuidade da missão do Filho. Tendo por moldura a Aliança do Sinai, revela-se assim a nova Aliança entre Deus e o Seu Povo, Aliança que se caracterizará pela lei interna do Espírito.


Nesse momento, o novo Povo de Deus, a Igreja fundada sobre os Apóstolos e marcada com o selo do Espírito, iniciava a sua arrancada, empreendia a sua aventura missionária. É o primeiro dia da Igreja ! O Pentecostes (com a Ressurreição e a Ascensão) é, portanto, o início do tempo messiânico definitivo : nele se deu a efusão do Espírito, que é a característica dos últimos tempos (cf.Act.2,16).


A 1ª Leitura é dos Actos dos Apóstolos e diz-nos que, de harmonia com a promessa de Jesus, o Espírito Santo, manifestando a Sua presença sob os sinais sensíveis do vento e do fogo, desce sobre os Apóstolos, transforma-os totalmente e consagra-os para a missão, que Jesus lhes confiara.


- “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que se exprimissem”.(1ª Leitura).

Com este Baptismo especial do Espírito Santo, nascia assim, oficialmente, a Igreja. Nesse dia, homens separados por línguas, culturas, raças e nações, começavam a reunir-se no grande Povo de Deus, num movimento que só terminará com a Vinda Final de Jesus. Até lá, a Igreja continuará sempre a invocar e a pedir a vinda do Espírito Santo, como diz o Salmo Responsorial :


- “Mandai, Senhor, o Vosso Espírito e renovai a terra !”.

Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Coríntios, e hoje também a todos os povos, que o Espírito Santo é a alma da «Igreja». É Ele que dá aos Apóstolos a perfeita compreensão do Mistério Pascal e os leva a anunciar a Ressurreição a todos os homens, sem excepção.


- “Na verdade, foi num só Espírito que todos nós fomos baptizados, para constituirmos um só corpo, Judeus ou Gregos, escravos ou homens livres. E a todos nos foi dado beber num único Espírito”.(2ª Leitura).

É por Ele que nós acreditamos que Jesus é Deus e essa nossa fé se mantém. É Ele que enriquece o Corpo Místico com dons e carismas, numa grande variedade de vocações, ministérios e actividades. É Ele que, ao mesmo tempo que nos distingue, dando-nos uma personalidade própria dentro da Igreja, nos põe em comunhão uns com os outros, de tal modo que a diversidade não destrói a unidade.


O Evangelho é de S. João que também nos diz que com a Páscoa se inicia a Nova Criação. E, como na primeira, também agora o Espírito Santo está presente, a insuflar aos homens, mortos pelo pecado, a vida nova do Ressuscitado.


- «Recebei o Espírito Santo : os pecados serão perdoados àqueles a quem os perdoardes; e ficarão retidos, àqueles a quem os retiverdes». (Evangelho).

Jorrando do Corpo Glorificado de Cristo, em que se mantêm as cicatrizes da Paixão, o sopro purificador e recriador do mesmo Deus comunica-se aos Apóstolos. O Baptismo no Espírito :


- Ilumina a comunidade dos amigos de Cristo sobre o seu mistério de Messias, Senhor e Filho de Deus.

- Faz com que compreendam a sua ressurreição como a plenificação dos planos de salvação de Deus, não só para o povo de Israel mas para todo o mundo.

- Leva-os a anunciá-lo em todas as línguas e circunstâncias, sem temerem perseguições nem a morte.


Como os Apóstolos, os mártires e todos os cristãos, que ouviram profundamente a voz do Espírito de Cristo, tornam-se testemunhas do que viram, do que foi transmitido e que experimentaram na sua existência. No mundo de hoje, toda a nossa comunidade é chamada a colaborar com o Espírito da nova vida para renovar o mundo : tanto na actividade quotidiana como nas vocações extraordinárias.


E isto, sem perder a coragem, porque, como diz S. Paulo - “o Espírito vem em auxílio da nosasa fraqueza”.(Rom.8,26), corrige e incentiva o nosso esforço, faz convergir tudo para o bem comum, porque todo o dom (todo o carisma) vem dele, único Espírito do Pai e do Filho.


Toda a nossa vida de cristãos está, portanto, sob o sinal do espírito que recebemos nos Sacramentos do Baptismo e da Confirmação, nosso Pentecostes; nela devemos amadurecer os “frutos do Espírito” : amor, paz, alegria, paciência, espírito de serviço, bondade e confiança nos outros, mansidão e autodomínio...


Naquele dia do primeiro Pentecostes, o Espírito Santo apoderou-se dos Apóstolos, a fim de que pudessem prolongar, a obra da Nova Criação e assim a humanidade, reconciliada com Deus, por meio da Igreja, conservará sempre a paz, alcançada em Jesus Cristo e necessária para o cumprimento do plano da História da Salvação.

Diz o Catecismo da Igreja Católica :

683. - «Ninguém pode dizer “Jesus é Senhor” a não ser pela acção do Espírito Santo»(1 Cor.12,3).«Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama : “Abbá! Pai”.(Gal.4,6). Este conhecimento de fé só é possível no Espírito Santo. É Ele que vem ao nosso encontro e suscita em nós a fé. Em virtude do nosso Baptismo, primeiro sacramento da fé, a vida, que tem a sua fonte no Pai e nos é oferecida no Filho, é-nos comunicada, íntima e pessoalmente, pelo Espírito Santo na Igreja.


737. – A missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Esta missão conjunta associa, a partir de agora, os fiéis de Cristo à sua comunhão com o Pai no Espírito Santo : O Espírito prepara os homens e previne-os com a sua graça para os atrair a Cristo. Manifesta-lhes o Senhor Ressuscitado, lembra-lhes a sua Palavra e abre-lhes o espírito à inteligência da sua morte e da sua Ressurreição. Torna-lhes presente o mistério de Cristo, principalmente na Eucaristia, com o fim de os reconciliar, de os pôr em comunhão com Deus, para os fazer dar «muito fruto». (Jo.15,5,8,16).

John Nascimento

Este texto apresenta grafia de Portugal.




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