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Solenidade do SS. Corpo e Sangue de Cristo, C

A Liturgia da Palavra da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – C, nos apresenta uma reflexão sobre o Pão e o Vinho para a Vida dos Homens.


O Banquete é um facto tão profundamente humano que manifesta em todos os povos e em todas as religiões um significado familiar e social, e tem até a capacidade de simbolizar a comunhão com Deus. Esse significado e capacidade, já acentuados na antiga Aliança, adquirem um acréscimo na «Ceia do Senhor» da Nova Aliança.


A Igreja celebra o aniversário Litúrgico da Instituição da Sagrada Eucaristia em Quinta-Feira Santa, pois foi na véspera da Sua Paixão que Jesus, levando até ao extremo o Seu amor pelos homens,(Jo.13,1), nos deixou o Memorial do seu Sacrifício redentor. Sem perder a sua conexão profunda e essencial com o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, a Solenidade do Corpo de Deus oferece-nos a oportunidade para :


- Reflectirmos sobre as inesgotáveis riquezas da Eucaristia.

- Darmos «graças» a Cristo pelo dom total de Si mesmo, em Corpo e Sangue, como alimento e bebida.(Jo.6,51-58).

- Anunciarmos aos homens, com a nossa participação consciente na Procissão do Corpo de


Deus, que só na Eucaristia, (que é Cristo a percorrer os caminhos do mundo), está o sinal da unidade, o vínculo do amor, a única força capaz de transformar a humanidade, tão ansiosa de união, na única família dos filhos de Deus, destinados a viver, em Cristo, na comunhão perfeita com Deus e com os homens.


A 1ª leitura, do Livro do Génesis, diz-nos que Melquisedec, ao sair ao encontro de Abraão de regresso dum combate, dirigindo uma acção de graças a Deus e oferecendo pão e vinho, é a figura do futuro Messias, Sacerdote e Rei.


- “E abençoou Abraão nestes termos : «Abençoado seja Abraão pelo Deus Altíssimo, Criador do Céu e da Terra. Bendito seja o Deus Altíssimo, que te entregou nas mãos os teus inimigos». (1ª Leitura).

Na sua oferenda, a tradição cristã, a partir de S. Cipriano, vê um verdadeiro Sacrifício, tipo do Sacrifício Eucarístico. Ao mencionar no Cânon romano «a oblação de Melquisedec, sumo sacerdote», a Liturgia faz a sua interpretação.


Também o Salmo Responsorial, proclama o sacerdócio do Senhor :


- “O Senhor é sacerdote para sempre”.

Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Coríntios, e hoje também aos homens de sempre e de todo o mundo, que a Eucaristia, hoje como no ano 57, em que ele nos fala da sua instituição, é um convívio festivo e muito mais que uma simples confraternização.


- “O Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão e deu graças : depois, partiu-o e disse : «Isto é o Meu Corpo, que é para vós. Fazei isto em memória de Mim». (2ª Leitura).

Na verdade, celebrar a Eucaristia, segundo a vontade de Cristo, é participar do Seu sacerdócio eterno e é celebrar a Sua Morte, unidos a Ele, em Sua «memória»; isto é, para que Deus hoje nos salve; é participar da Sua vida de Ressuscitado, comendo o Seu Corpo e bebendo o Seu Sangue; é unir-nos a Ele, que quer prosseguir em nós a obra da Redenção, e unir-nos ao Seu Corpo, que é a Igreja; é anunciar, através do tempo, a Sua Morte, na expectativa amorosa da libertação definitiva, no mundo novo do reino de Deus.


Portanto, receber a Eucaristia, supõe e exige uma devida preparação espiritual, exige o estado de graça.


O Evangelho de S. Lucas, apresenta-nos o Milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes, que é o anúncio e a preparação do Milagre da Eucaristia, pelo qual o Senhor, através do sacerdócio ministerial, prefigurado no serviço dos discípulos encarregados de distribuir o pão, sobrenaturalmente alimentará a humanidade.


- “Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao Céu e pronunciou sobre eles a bênção”. (Evangelho).

Acolhendo todos quantos a Ele acorrem, Jesus liberta os homens pela Sua palavra e alimenta-os, abundantemente, no deserto. O milagre da Multiplicação dos pães não é apenas um sinal do Seu amor. Ele tem uma relação tão estreita com a Eucaristia que é logo a seguir à sua descrição que João nos dá o discurso sobre o Pão da Vida.(Jo.6,1-13).


S. Paulo reitera o realismo usado por Jesus na promessa da Eucaristia, descrita por S. João:


- “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia”. (Jo.6,54).

Porque a Eucaristia é verdadeiramente alimento e bebida, é verdadeiramente a Ceia do Senhor. São Paulo achava-se, porém, diante de um costume da Igreja de Corinto que, enquanto fazia realmente da Ceia um banquete, tendia contudo a torná-la apenas uma festa social.


Por isso lembra S. Paulo que ele mesmo aprendeu do Senhor como instituiu o “seu banquete” exactamente na noite em que era traído; e o Apóstolo lhes havia transmitido fielmente esse facto; portanto, a festividade cristã da Ceia do Senhor não deve esquecer essa dolorosa realidade.


Agora a Ceia é celebrada à luz da Ressurreição e na perspectiva da volta do Senhor. Por isso mesmo é simultanemante “memorial” da Morte do Senhor e “promessa” de participação da sua ressurreição na sua volta. É o “anúncio” mais concreto de “evangelização” num acto de Cristo:


- “Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a Morte do Senhor”.(1 Cor.11,26).

No “Mistério da Ceia” Cristo torna-se alimento, faz-se a memória da sua paixão, a alma é repleta de graça e é-nos dado o penhor da glória. A Eucaristia é o alimento por excelência para o cumprimento do plano da História da Salvação.



Diz o Catecismo da Igreja Católica :


1322. – A Sagrada Eucaristia completa a iniciação cristã. Aqueles que foram elevados à dignidade do sacerdócio real pelo Baptismo e configurados mais perfeitamente a Cristo pela Confirmação, esses, por meio da Eucaristia, participam, com toda a comunidade, do próprio sacrifício do Senhor.

1323. - «O nosso Salvador instituiu na Última Ceia, na noite em que foi entregue, o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue, para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até voltar, o sacrifício da Cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua Morte e Ressurreição : sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura». (SC 47).


John Nascimento

Este texto apresenta grafia de Portugal.




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